Monday 24 January 2022

Celebração da Caixa - Edição de Aniversário - Shutter Island

 

Shutter Island

Ou a reinvenção do fascismo

 


Prefácio: 

Trataremos aqui do longa metragem Shutter Island, 139 minutos, 2010, Paramount Pictures. Trataremos de incorporação de memórias, memórias fabricadas, discutiremos o Processo e a Metamorfose de Kafka para ilustrar aquilo que parece óbvio. 

Esse ensaio tem apenas fins acadêmicos e didáticos. Esse blog não tem fins lucrativos. Se você não assistiu Shutter Island, por favor assista ao filme primeiro antes de ler. 


Introdução: 

É curioso observar como a sociedade moderna continua a negar as origens do fascismo. A história de Edward Daniels e suas interpretações seguem uma vertente que analisa os sonhos da personagem por meio das representações formais da água, do fogo e do gelo. 

Para provar, no final da história que a personagem principal é um doente que sofre de distúrbios psicóticos graves, e que suas memórias, portanto, não são válidas. Até as memórias que a personagem relembra sobre Mahler e o Nazismo passam a ser consideradas como parte dessa esquizofrenia que a potencial personagem representaria. 

As memórias de Teddy Daniels recorrentes ao gelo seriam suas memórias como combatente na Segunda Guerra Mundial. As memórias com a água seriam os traumas do agente federal e o motivo do seu bloqueio. As imagens com fogo seriam uma combinação de um estado consciente com um estado semiconsciente da mente e do corpo da personagem.

Esse estado que varia entre estar acordado e dormindo e é representado pelas imagens com fogo e algumas com cinzas, são efeitos causados pelo amplo uso de psicofarmacêuticos contra a vontade da personagem Edward Daniels. Lembremos que o mesmo acordou no meio de uma balsa indo para Shutter Island.

Sabemos que Edward Daniels foi dopado, sedado, mas não sabemos por quanto tempo ele foi exposto à medicação, exposição imagética e lavagem cerebral. 

A maioria das interpretações segue a linha de colocar Teddy Daniels como um psicótico perigoso com um trauma passado que causou uma ferida/trauma assombrosa, da qual ele não foi capaz de viver, ao ponto de elaborar uma fantasia de que era um agente federal investigando o desaparecimento de um paciente/prisioneiro da ilha de Ashecliffe, de modo a ocultar a ferida/trauma passado. 

E o mais curioso e impressionante é a memória do fascismo. A memória do fascismo está presente em todos os momentos, e isso escapa da maioria da audiência que pretende fazer análises freudianas esquemáticas e repetitivas. E nisso o recalque fica latente. O perigo de interpretações muito esquemáticas e rápidas é que elas escondem a natureza da busca científica e forense pela verdade.

A verdade não se encontra logo à mesa, dentro do chip do celular ou do processador do computador. Buscamos a verdade em lugares difíceis, temos que enfrentar monstros dos mais variados tipos e nessa batalha sabemos desde o começo que iremos perder. Eventualmente poderemos encontrar, depois de muito sacrifício, a caverna, de onde nós mesmos saimos para de fato ver essa tal de verdade.

O mito da caverna de Platão e a passagem em que Edward Daniels, primeiro desce um precipício e depois sobre outro precicípio, representa a busca pela verdade, e as dificuldades e horrores que Édipo teve que enfrentar a fim de soluciar o miasma que aterrorizava Tebas. A busca pela verdade, a busca pela justiça, a busca por aquilo que é bom pode levar a loucura?

O espectador é levado a acreditar na fantasia de que um hospital psiquiátrico para criminosos insanos, em sua plenitude iria encenar uma peça de teatro, uma farsa articulada, utilizando todos os funcionários e pacientes da instituição com o fim humanitário de expor o possível paciente Teddy Daniels à sua fantasia/trauma e com isso causar-lhe uma catarse de modo que expurgasse esse miasma de sua mente e pudesse ser um paciente/prisioneiro normal. 

Não apenas isso: se Edward Daniels é de fato um prisioneiro/paciente perigoso, por ser violento, por ter assassinado a esposa, por ter presenciado o nazismo, esse tipo de prisioneiro/paciente jamais deveria ficar solto e no convívio de outros pacientes e funcionários, por colocar em risco o funcionamento de toda a instituição psiquiátrica.

O que o fascismo quer esconder, e o recalque público ajuda muito com isso, é que a instituição social não trabalha para o cidadão e sim para produzir lucro. O objetivo é enriquecer o fabricante de psicotrópicos, vender medicamentos, testar estes medicamentos naqueles que a sociedade considera como inválidos. E isso e outros horrores fascistas acontecem até hoje. As interpretações continuam sendo imagéticas, surrealistas, tentando negar a existência do fascismo dentro dos sistemas democráticos.

O objetivo do mercado é o lucro e não importa se você é um diplomata renomado ou uma cientista, de família como a verdadeira Rachel Solando. O diplomata renomado é a personagem presente em “O Jardineiro Fiel”. Não vemos um caso onde para vender certo tipo de medicação uma empresa pode não ter quaisquer fins éticos?

A representação fascista é tão absurda que o telespectador é levado a crer que por um motivo humanitário, uma instituição psiquiátrica isolada de qualquer contexto social, usaria uma balsa para retirar o paciente do hospital e trazê-lo de volta, desta vez como agente federal. E porque Edward Daniels, nunca entra em sã consciência e reconhece que seu parceiro na verdade é um medico, que o Doutor Cawley é um médico, que Bridget Kearns é uma prisioneira igual ele?

O que é evidente:

1   Se Teddy Daniels realmente fosse paciente de Ashecliffe, ele teria sido dopado contra sua vontade, e inserido no meio do mar em uma balsa. Isso não exclui o fascismo, mas é uma prova contundente da existência dessa instituição.

2)    Se Teddy Daniels realmente fosse paciente de Ashecliffe e tivesse a fantasia de ser um agente federal, essa fantasia teria sido reforçada por meio de lavagem cerebral, tortura e amplo uso de psicofarmacológicos.

 

As pessoas vão ver o fascismo passar por baixo de suas ventas e não vão acreditar na existência dele. Quando Teddy Daniels acorda dentro da balsa, ele percebe que está sem cigarros. A personagem esperava um parceiro federal que viesse de Portland, mas ao contrário, era alguém de Seattle.

Quando Teddy Daniels entra nos portões de Ashecliffe e é introduzido pelos carcerários da instituição, ele reconhece que já viu uma situação assim antes.

O espectador comum, que não quer ver o fascismo, vai interpretar isso como mais uma prova de que Teddy Daniels é um paciente/prisioneiro do Hospital Psiquiátrico para Criminosos Insanos, porque ele reconhece aquela instituição.

Contudo, a instituição que Teddy Daniels reconhece não é o Hospital, e sim a instituição do fascismo. Teddy Daniels já havia presenciado os horrores praticados pelo fascismo na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial.

O que Teddy Daniels observa é a repetição do fascismo passar diante dos olhos cínicos da comunidade.

Para Teddy Daniels uma instituição de controle social isolada de um contexto geográfico e geopolítico, dentro de uma ilha, com muitos guardas fortemente armados, com prisioneiros acorrentados e cercados por muros, arames farpados, cercas elétricas e onde absolutamente, ainda se pratica o ato de fazer experiências com o corpo humano e perverter a sua natureza, por meio da lobotomia transorbital, é outra instituição fascista:

 

 O psiquiatra italiano Amarro Fiamberti desenvolveu um procedimento que envolvia acessar o lobo frontal através das órbitas oculares, mas em 1945, surgiu a lobotomia transorbital, um método em que o médico inseria a ferramenta na órbita do paciente com o auxílio de um martelo.

 O Doutor Cawley, diz ser contra a lobotomia transorbital, que ele pretende tratar os pacientes com psicofarmacológicos, psicotrópicos, como a Clorpromazina:

 

[A Clorpromazina (CPZ), comercializada sob as marcas Thorazine e Largactil, entre outras, é um medicamento antipsicótico. É usado principalmente para tratar distúrbios psicóticos, como esquizofrenia. Outros usos incluem o tratamento do transtorno bipolar, problemas comportamentais graves em crianças, incluindo aquelas com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, náuseas e vômitos, ansiedade antes da cirurgia e soluços que não melhoram após outras medidas. Pode ser administrado por via oral, por injeção em um músculo ou em uma veia.

A Clorpromazina está na classe antipsicótica típica, e, quimicamente, é uma das fenotiazinas. Seu mecanismo de ação não é totalmente claro, mas acredita-se que esteja relacionado à sua capacidade como antagonista da dopamina (bloqueiam os receptores de Dopamina no cérebro). Também possui propriedades anti-serotonérgicas e anti-histaminérgicas.

Os efeitos colaterais comuns incluem problemas de movimento, sonolência, boca seca, pressão arterial baixa ao ficar em pé e aumento de peso. Efeitos colaterais graves podem incluir o distúrbio do movimento potencialmente permanente, discinesia tardia, síndrome neuroléptica maligna, redução grave do limiar convulsivo e níveis baixos de leucócitos. Em idosos com psicose como resultado de demência, pode aumentar o risco de morte. Não está claro se é seguro para uso na gravidez.]

 

O psiquiatra Cawley deixa evidente que ele é contra a lobotomia transorbital, mas todos os outros psiquiatras da instituição são a favor do uso deste método, incluindo o diretor da instituição, o médico alemão Doutor Naehring.

O cidadão comum tem um recalque em relação ao fascismo e é isso que o filme tenta mostrar. Não é Teddy Daniels que tem um recalque contra o fascismo, porque o agente federal já vivenciou esse tipo de situação e consegue reconhecer a mesma instituição sendo praticada em solo americano.

 Teddy Daniels é de fato um agente federal, que estava incomodando uma parte do sistema fascista e por esse motivo foi usado como um rato pelos psiquiatras da instituição.

Logo que Teddy Daniels é recebido pelo Doutor Cawley ele é introduzido a uma série de imagens de tortura e dor, que eram métodos praticados historicamente por instituições sociais responsáveis pelos menos favoráveis ou os indesejados “doentes mentais”.

Doutor Cawley quer deixar bem evidente que a instituição evoluiu e abandonou esses métodos de punição corporal, lavagem cerebral, tortura, experiências científicas com o corpo, e a contradição desse argumento vem logo a seguir quando o médico reconhece que os psiquiatras da instituição ainda praticam lobotomia transorbital.

Doutor Cawley também oferece uma “Aspirina” para Teddy Daniels, quando na verdade o medicamento que a personagem ingere é Thorazine (Clorpromazina). Observa-se que Cawley não abre uma estante ou um armário para procurar pela Aspirina: ele já está com um comprimido na mão pronto para servir com o copo.

Os métodos de lavagem cerebral da instituição de Ashecliffe são antiéticos, e ninguém os vê. A maioria dos pacientes/prisioneiros de Ashecliffe repete a mesma versão de uma história como se isso não fosse uma memória natural e sim uma memória implantada, fabricada. 

Os funcionários por não terem poder dentro da instituição, e por temerem sofrer as mesmas torturas que eles vêem a instituição praticar são coniventes e “inteligentes”, porque querem sobreviver dentro do sistema fascista. A sociedade está alienada de Ashecliffe porque é uma ilha. Que bom samaritano pegaria uma balsa para ir visitar um hospital psiquiátrico, partindo do continente para a ilha? E com que tipo de permissão um cidadão pode entrar dentro da parte administrativa de uma instituição pública? 

Qual a probabilidade ou possibilidade de duas pessoas, dentro da mesma instituição, pronunciar a mesma frase que é constituída pela mesma memória? Quando duas pessoas poderiam ter uma memória idêntica e descrevê-la usando as mesmas palavras, na mesma ordem, como se as palavras tivessem sido ditadas? Em um contexto de exploração da mente de um homem por outro homem. 

É um recurso muito utilizado pelo fascismo, o princípio de Goebbels, de que se repetirmos uma mentira várias vezes, essa mentira passa a ser a verdade. Isso é a lavagem cerebral: uma informação é repetida tantas vezes que ela passa a ser uma memória e é assimilada em sua forma integral pela pessoa que a repete, não apenas o conteúdo sintático, mas as emoções construídas que aquela frase emana.

Vemos a enfermeira Marino repetir uma frase idêntica a uma frase que o Doutor Cawley disse para Teddy Daniels. Vemos a prisioneira Bridget Kearns, da cena em que o copo de água desaparece, falando com naturalidade que havia assassinado o marido, disse algo sobre bomba de hidrogênio que foi repetido de forma idêntica pelo prisioneiro calvo, fugitivo da Ala C, que entrou numa briga com Teddy Daniels.

As memórias de Andrew Laeddis são construídas por meio das memórias de uma possível paciente fugitiva chamada Rachel Solando. Rachel Solando na verdade era uma médica solteira, de família respeitada, que começou a investigar situações ilegais dentro da instituição pública para denunciar como crime, e por isso, ela foi internada como uma das pacientes de Ashecliffe e tentaram fabricar a memória de que ela havia cometido triplo infanticídio, ao afogar três crianças. Edward Daniels e Rachel Solando foram expostos a mesma memória fabricada, a fantasia de Medeia.

É bem plausível assumir que Teddy Daniels nunca foi Andrew Laeddis, como no Clube da Luta (1999), onde temos certeza que Tyler Durden não representa duas pessoas, mas uma pessoa dividida.

Portanto, assumimos que Teddy Daniels nunca foi casado, nunca teve filhos, porque essas memórias foram implantadas por meio da lavagem cerebral e do uso extensivo do antipsicótico Thorazine (Clorpromazina).

A memória de Medeia começou a ser implantada quando o Doutor Cawley informou Teddy Daniels de que a paciente fugitiva havia cometido triplo infanticídio ao afogar os três filhos dentro da água.

Teddy Daniels foi exposto a essa memória fabricada novamente, quando interrogou a possível paciente Rachel Solando, que na verdade, dentro do mito de que o fascismo nunca existe, ou pode não existir hoje, é uma enfermeira da instituição, que no momento praticou uma ação dramática, que coincidentemente passou a ter a ver com a memória fabricada de Teddy Daniels.

Não há coincidências com o fascismo. Ele só se repete como farsa, e é justamente uma farsa que nos quer convencer da não-existência do fascismo nas instituições públicas modernas. As instituições de controle social como a escola pública, o hospital público, as clínicas psiquiátricas irregulares, os abrigos para moradores de rua, as prisões federais e estaduais, e até algumas universidades.

A teoria de Kafka que uma vez que um cidadão for tachado como “louco” pela sociedade nada do que ele fizer será útil para ele, e pelo contrário, quanto mais ele falar e tentar expor a verdade, mais esse cidadão será colocado como louco.

 

Primeiro a instituição vai desconsiderar tudo o que ele disser. Depois passará a administrar medicamentos. Em último caso o cidadão será preso, seja como na Metamorfose ou no Processo de Kafka.

O Anagrama não prova nada, porque quem criou esses nomes foi a própria instituição. Dolores Chanal pode existir apenas dentro do mito construtivo do próprio fascismo. Dentro do mito fabricado na mente da personagem Edward Daniels, que no seu objetivo de buscar justiça contra o fascismo, passou o ser objeto do mesmo monstro que tentava combater.

O fascismo não é algo visível, facilmente interpretado e aceito pela sociedade. Esse recalque, essa vontade de nunca ver os atos malignos praticados pelas instituições sociais, essa alienação é o que garante que a instituição fascista esteja presente até hoje dentro de muitos países democráticos.

Quem não tem medo da Polícia? Quem não tem medo de Juiz? Quem não tem medo de desafiar o sistema e com isso perder tudo? Como Jesus Cristo, que desafiou o sistema e por isso perdeu a própria vida. Porque correr o risco de perder tudo, inclusive a vida, quando é muito mais fácil se incorpor ao feixe já existente!

Edward Daniels é traumatizado com o fascismo. O fascismo é uma prática que inevitavelmente irá produzir mais fascismo. Edward Daniels sentia-se mal não por ter assassinado a sua esposa Medeia/Dolores Chanal após ela afogar três crianças dentro do lago. Até porque isso nunca aconteceu, são memórias fabricadas. 

Uma tragédia, um pai que encontra os três filhos assassinados pela esposa não vê alternativa a não ser assassinar a própria esposa, culpada por esse crime hediondo. Uma loucura produz outra maior e assim por diante. E estamos diante de outro Orestes, de outro Aquiles, de outro Édipo, mas o contexto e a perspectiva são quem realmente mudam a peça. 

A loucura do fascismo perpetua e produz ainda mais o fascismo. E o único problema é que nem você, nem o seu vizinho e ninguém quer ver, porque isso que é um recalque público, um tabu, um assunto que não se fala sobre para não termos nenhuma responsabilidade sobre ele.

É muito mais conveniente acreditar na fantasia de que Teddy Daniels é realmente um paciente violento e que não há outra a fazer com ele a não ser retirar parte do seu cérebro por via ocular. Essa fantasia elaborada e constituída com imagens de fogo e de água, imagens criadas pela própria instituição.

A memória de culpa de Teddy Daniels é a memória onde o exército americano havia capturado vários prisioneiros da SS Nazista, e quando um deles corre, e algum soldado americano atira, a situação saiu de controle e Teddy Daniels atira em um dos soldados nazistas, o que causa o extermínio desse soldado e de dezenas de outros prisioneiros que são executados sumariamente.

Vimos muito bem em Bastardos Inglórios que só em uma fantasia podemos combater o fascismo usando do próprio fascismo. Bastardos Inglórios é um conto de fadas onde o fascismo americano vence o fascismo alemão. E agora o vencedor desse embate pode praticar quaisquer tipos de fascismos.

Sim, Bastardos Inglórios é uma fantasia sobre o fascismo porque começa com “Era uma vez numa França ocupada por nazistas...”, e mais algumas questões pontuais como o sapato perdido da Cinderela, Bridget von Hammersmark.

 

A médica Rachel Solando nunca teve filhos e nunca foi casada. Era uma médica respeitada dentro da instituição quando começou a questionar o porque de tantos carregamentos de drogas sódicas e dos procedimentos cirúrgicos.

O que a instituição fez com a médica Rachel Solando foi interná-la como uma paciente dentro de Ashecliffe e tentar implantar nela as memórias de que ela era casada, de que tinha três filhos e de que havia afogado os mesmos. A mesma memória que tentaram implantar dentro da mente de Edward Daniels.

Teddy Daniels não reconhece, em momento algum do filme, quaisquer funcionários ou pacientes da instituição. Não há o momento do reconhecimento, essencial para determinar se Edward Daniels existe ou é o ego sombrio,  Andrew Laeddis.

No limite, todas as memórias de Edward Daniels podem ser fabricadas. Como ele passou a ser um paciente louco, tudo o que ele disser vai apenas confirmar ainda mais a sua loucura, até suas memórias reais da Segunda Guerra Mundial.

 

Diálogo de Rachel Solando com Edward Daniels dentro da caverna:

 

Rachel Solando: Who are you?

Edward Daniels:I am Teddy Daniels. I'm a cop.

Rachel Solando: You're a Marshal.

Edward Daniels: That's right. Would you mind, mind...take your hands from behind your back?

Rachel Solando: Why? Why?

Edward Daniels: To make sure what you have hold there does not hurt me

Rachel Solando I'm gonna keep this...If you do not mind… fine with me.

Edward Daniels:You're Rachel Solando. The real one. Did you kill your children?

Rachel Solando: I never had children. I was never married. Before I be a patient in Ashecliff, I worked here.

Edward Daniels: You were a nurse?

Rachel Solando: I was a doctor, Marshall. You think I'm crazy?

Edward Daniels: - No, I...

Rachel Solando:- And if I say I'm not crazy... well that hardly helps, does it? That's the Kafkaesque genius of it. People always tell you you're crazy and protested, on the contrary, confirm what they say.

Edward Daniels: I do not following you. I'm sorry.

Rachel Solando: Once you are declared insane, then anything you do is called as a part of insanity. Your reasonable protests are denial, valid fears, paranoia. survival Instincts as defense mechanisms. You're smarter than you look Marshall. That's probably not a good thing

Edward Daniels: Tell me something ...

Rachel Solando:Yes ...

Edward Daniels: What happened to you?

Rachel Solando: I started asking about shipping this this large amount of sodium .

Edward Daniels: - And the sodium-based hallucinogens.

Rachel Solando:- Psychotropic drugs. And I began to ask about the surgeries, too. Ever heard of transorbital lobotomy? They cap the patient with electroshocks, then go through the eye with an ice pick and pull out some nerve fibers. Makes the patient more obedient. Tractable. It's barbaric. Unconscionable. Do you know how pain enters the body marshal? Do you?

Edward Daniels: Depends on where you hurt.

Rachel Solando: No, it has nothing to the flesh. The brain controls pain. The brain controls fear, empathy, sleep, anger, hunger ... everything. what If you could control it?

Edward Daniels: The brain?

Rachel Solando: To re-create a man, so he doesn't feel pain. Or love. Or sympathy. A man who can't be interrogated because he has no memories to confess. And you know the North Koreans use american POWs during brainwashin experiments they turns soldiers into traitors. That's what they are doing here. Creates ghosts and give way in the world. And do things sane man never do. That kind of ability, that kind of knowledge it would take years. Years of research, experiments on hundreds of patients. For 50 years now, people will look back and they say ... this place is where it all began. The Nazis used the Jews. The Soviets used prisoners in their own gulags and we...We tested patients on Shutter Island.

Edward Daniels: No, they won't...no

Rachel Solando: you do understand that they can't let you leave?

Edward Daniels: I'm a federal Marshall... They can't stop me.

Rachel Solando: I was a esteemed psychiatrist, from a respected family. It did not matter. Let me ask you... any past trauma in your life?

Edward Daniels: yes, why... why that matter?

Rachel Solando: If a particular event is past the reason you lost your sanity…  so when they commit you in here, your friends, colleagues will say... “he has cracked”. And who would do it, after what happened. That could be said of anyone

Edward Daniels: - anyone at all.

Rachel Solando: - The point is they're going to say it about you. How's your head?

Edward Daniels: - My head?

Rachel Solando: - You had funny dreams? Trouble Sleeping, headaches ...

Edward Daniels: I'm prone to migraine

Rachel Solando: you haven't taken any pills, no? Not even aspire?

Edward Daniels: - I get a aspirin.

Rachel Solando: Jesus! And you ate in the canteen and of drinking coffee that gave it. Tell me that even smoking Cigars of you.

Edward Daniels: Not ... no. I haven't.

Rachel Solando: It takes between 36 and 48 hours for neuroleptics narcotics to reach sufficient blood that you-and take effect. Pulse will become first, fingers first and then shall include all labor. Seen any waking nightmares lately, Marshall?

Edward Daniels: Tell me what's going on in that lighthouse? Tell me.

Rachel Solando: Brain surgery. Like, "to open the skull to see “what if we pull on this kind. "That's not different with Nazi's kind and then they created the ghosts.

Edward Daniels: Who knows about this? On the island I mean. Who?

Rachel Solando: Everyone.

Edward Daniels: Come on, the nurses, the orderlies? It's not possible ...

Rachel Solando: - Everybody. You can't stay here.

They think I'm dead, that I drowned. If they come looking for you, they migh find me. I'm sorry, but you have to go.

Edward Daniels: I'm gonna come back for you.

Rachel Solando: I will not be here. I move during the day. New places every night.

Edward Daniels: But I could come get you take you out of the island.

Rachel Solando: Haven't you heard a word I've said? The only way off the island is ferry and they control it. You'll never leave here.

Edward Daniels: I had a friend. He was with me yesterday, but we got separated. Have you seen him?

Rachel Solando: Marshall... You have no friends.


Carlos H. Barbosa: Shutter Island