Ultimamente é moda, nos altos círculos intelectuais do Brasil, crer-se em qualquer coisa que qualquer um diz. Mesmo aqueles que são mais desfavorecidos economicamente incomodam o Estado. Protestar é moda. Vestir camisa da seleção brasileira e pedir intervenção militar. Apoiar o golpe político do PMDB em pró de um impeachment que só favorece uma casta econômica.
Apesar dos pesares o povo grita que é brasileiro com muito orgulho. Vou te processar por qualquer má conduta. Mesmo as poéticas. Combater o Estado, dentro do núcleo do poder é atividade perigosa.
Quem estava no Itamaraty quando começaram a jogar bombas, lá em 2013 sabe do que estou falando.
A novidade jornalística é que a recessão econômica vai piorar em 2016.
Eu não gosto de ficar pagando de intelectual, muito menos de professor de história. Mas os fatos são os mesmos para qualquer cidadão, suas interpretações é que podem diferir drasticamente, de acordo com o caráter e personalidade do leitor.
Se o leitor me odeia, não espero nem ser lido. E detesto aquele leitor que aplaude de pé a minha miséria, aquele que me dá audiência e faz do texto o sensacionalismo dramático que sustenta um orgulho fragmentado e ridículo.
O fato é que quando há uma maioria no poder com um mesmo interesse comum, os quais divergem completamente da política institucional, isto é, quando o interesse próprio de algum grupo é soberano dentro da instituição democrática. Para não ser muito metafísico vou ilustrar com um exemplo histórico: o nazismo.
O que acontece quando um grupo que se acha superior economicamente usa do poder legítimo da instituição para caluniar, reprimir, expulsar, excluir outro sujeito, que seja diferente aos interesses pessoais do grupo. E quando o sujeito reclama desse grupo incorporado à instituição, ele é logo calado por mecanismos burocráticos. A perversão do poder. A violência incorporada à instituição democrática. Você não pode ofender um funcionário público, mesmo que este lhe confesse abertamente ser racista, preconceituoso e luta por políticas de desintegração social.
Quem não tem medo de Judeu? Até hoje os incultos culpam o Estado de Israel, como resultado legal do término da Segunda Guerra mundial. Quem não tem medo de pobre? Ainda mais quando o pobre tem consciência de sua própria classe, e expressa isso tão clara e abertamente como se tivesse lido Marx.
Expulsar os judeus da cidade e coloca-los no gueto. Política econômica estratégica de exclusão social. Um grupo que tomava-se por superior racial, intelectual, histórica, genética e politicamente, que evocava o princípio da seleção artificial para eliminar sujeitos legítimos do interesse econômico dessa maioria que inventou esse direito. (Leis de Nuremberg).
Casar com judeu é crime. Expulsar os pobres de um contexto econômico e cultural sob o interesse de uma maioria institucionalizada e legitimada pelo direito. O que acontece quando várias pessoas que trabalham na mesma instituição repetem o mesmo discurso, sem nenhum nível de criticidade pelas ordens, sem nenhum questionamento de ordem moral, completamente ignorando o nível do outro, aplicável e existente apenas nos termos técnicos e nos editais lançados pelo Estado.
O que acontece quando um ser humano é expulso de seu contexto cultural acusado de pobreza? Voltar a experiência do nazismo para entender como os regimes democráticos ainda possuem esta estrutura administrativa: Se o policial não cumprir as ordens internas da instituição policial, ele perde o direito de trabalhar, pode ser preso, etc. Do mesmo modo o professor, o carteiro e todo o funcionalismo público.
Um leitor extremista poderia me acusar de estar sendo genérico, e que isto não se aplica a todos os casos. Mas o que eu digo tem relevância para o Estado, na medida em que o mesmo me ameaça com processos e penas pelos meus textos. E ainda há a crença no que eu digo. Pois bem, como não gosto de ficar fora da moda declaro que sou o Imperador Constantino. E isso por enquanto, pois como sou geminiano logo vou ser Napoleão Bonaparte. E podem acreditar nisso, como acreditam que sou terrorista, e julgam isso por verdade. Já que é verdade que sou terrorista, deve ser também que sou Prometeu, Centauro, Clarissa Lake ou qualquer uma das personagens que inventei, que não carregam nenhuma relação com minha vida pessoal.
Esse tipo de violência me incomoda. E o silêncio não é uma alternativa.
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